Fui uma criança alérgica, suscetível a mudanças climáticas, mofo, poeira e picadas de mosquito. Tinha rinite, resfriado e gripe com frequência, e volta e meia surgia alguma irritação ou alergia na minha pele. Cheguei a fazer imunoterapia com alérgenos (tratamento com vacinas) e felizmente melhorei progressivamente, até chegar ao ponto de não ter mais rinite na idade adulta, e os problemas respiratórios se tornarem raros. Mas os episódios de inflamação da pele continuavam ocorrendo de tempos em tempos, e descobri que sofro de
dermatite atópica.
“A dermatite atópica é uma doença crônica que causa inflamação da pele, levando ao aparecimento de lesões e coceira.” Essa definição consta no
site da
AADA (Associação de Apoio à Dermatite Atópica) —
https://www.aada.org.br/ —, que tem informações úteis e objetivas. Algumas delas estão reproduzidas abaixo.
“A dermatite atópica afeta geralmente indivíduos com história pessoal ou familiar de asma, rinite alérgica ou dermatite atópica. Essas três doenças são conhecidas como as doenças atópicas ou triade atópica.
A causa exata da dermatite atópica é desconhecida. No entanto, atualmente se sabe que a dermatite atópica não é uma doença contagiosa, e sim uma doença de origem hereditária.
A pele seca é uma característica muito presente e representa um dos fatores que mais contribuem para a piora da dermatite atópica. Para evitá-la, deve-se tomar cuidado na hora do banho, que deve ser rápido e com água morna. Evitar uso excessivo de sabonetes e buchas e aplicar um hidratante neutro nos três minutos logo após o banho, antes que a água que está na pele se evapore.
Substâncias irritantes, como produtos químicos em geral, roupas de lã ou de fibras sintéticas, poeira e fumaça de cigarro devem ser evitadas. Usar basicamente roupas de algodão. O quarto ou outros ambientes onde se passa a maior parte do tempo devem ser bem arejados, desprovidos de muitos móveis, cortinas, carpetes e bichos de pelúcia. Essas medidas de controle ambiental facilitam a limpeza do ambiente.”
Além das providências citadas, beber bastante água, receber massagem e fazer automassagem com regularidade, diminuir a exposição ao barulho e outros tipos de poluição urbana, fazer terapia, praticar atividades físicas e manter uma boa alimentação, confirmada por uma nutricionista especializada em nutrição funcional e fitoterapia, são alguns dos recursos que uso para estabelecer um estado geral de equilíbrio e bem-estar, e minimizar o estresse — um fator que pode agravar a dermatite atópica.
Nunca deixo de usar hidratantes no corpo inteiro e no rosto, imediatamente após meus dois banhos diários. Na hora de dormir, reaplico em certos pontos, e no outono e no inverno acrescento óleos vegetais e manteigas emolientes. Não esfrego a toalha na pele ao me enxugar, e quase não utilizo esfoliantes.
Por sorte, o meu caso não é grave. Depoimentos de pacientes graves expõem a realidade da discriminação da qual são alvo por causa da aparência da sua pele, e falam de como o preconceito e o desconforto afetam sua autoimagem e suas relações interpessoais. Não passei por isso, pois em mim as lesões são brandas (no princípio parecem picadas de mosquito) e são sempre incidências isoladas (no máximo três manchas por vez), portanto passam despercebidas pela imensa maioria das pessoas que me conhecem. Nas ocasiões em que ficaram mais críticas, estavam localizadas em áreas discretas.
Costumam aparecer nas minhas pernas, abaixo dos joelhos (essa é a região mais ressecada do meu corpo), e durante o inverno (quando o clima se torna mais frio e seco, e eu passo a tomar banho com água mais quente) ou quando estou extremamente estressada. Começam como uma mancha pequena, avermelhada, e a coceira inicialmente não é intensa. Acabei aprendendo que é importante tratar as manifestações assim que elas surgem e resistir ao impulso de coçá-las; do contrário, as manchas tendem a ir crescendo e a coçar mais, podendo apresentar descamação e escoriações. Para combater os sintomas, passo logo um medicamento tópico, receitado por uma dermatologista. Com ele, minhas lesões desaparecem completamente em poucos dias.
Convém frisar que a orientação médica é fundamental. Meus objetivos nesse texto são apenas passar algumas informações sobre a dermatite atópica — também denominada eczema atópico — e contar sobre hábitos e produtos naturais com ingredientes orgânicos que eu tenho usado para lidar com o problema da pele ressecada. Quero ressaltar que o fato de funcionarem comigo não necessariamente significa que darão o mesmo resultado em outras pessoas. Nada que esteja publicado aqui no
Tantas Plantas tem o intuito de substituir avaliações médicas, nem tampouco prescrições médicas.
Nesse
blog me proponho simplesmente a relatar minhas experiências com alternativas sem parabenos, liberadores de formol, BHT, silicones, ftalatos, lauril sulfato de sódio e lauril éter sulfato de sódio, metilcloroisotiazolinona e metilisotiazolinona, triclosan, corantes artificiais, propilenoglicol, perfumes sintéticos e derivados de petróleo como o óleo mineral, entre outras substâncias controversas mencionadas no texto
“12 ingredientes que devem ser evitados” (a lista começou com 12 e está sendo ampliada aos poucos).
Fiquei surpresa ao encontrar uma enorme variedade de opções que atendem a esses requisitos, ao mesmo tempo em que cumprem o que se espera de cada tipo de produto de cuidado pessoal. Muitos desses itens são nacionais, e todos os restantes podem ser entregues no Brasil, mesmo que boa parte deles seja de empresas estrangeiras que ainda não têm representação no país.
A pele do meu corpo é bem seca, embora a do rosto seja mista e a do couro cabeludo seja normal. Uma mudança que fez uma grande diferença para mim foi trocar os sabonetes convencionais por sabonetes 100% naturais, com ingredientes orgânicos quando possível. Gosto especialmente do
Sabonete #49 Castanha-do-Pará 72% Bio e do
Sabonete #51 Oliva & Lavanda, ambos da marca artesanal e brasileira
Sachi, que emprega óleos e manteigas vegetais na elaboração de seus sabonetes, pelo método
cold process. Limpam sem exagero e são adequados para o rosto e o corpo todo, incluindo a área íntima. Servem até para fazer depilação; os homens podem usá-los para fazer a barba. Utilizo os sabonetes da
Sachi também como xampus sólidos, todos os dias, desde dezembro de 2011, e meu cabelo está mais saudável.
Fiquei muito contente ao descobrir condicionadores excelentes: o
Bare Unscented Detangler, sem perfume, e o
Citrus & Neroli Detangler, que são da marca americana
John Masters Organics e podem ser aplicados como
leave-in, e o
Shine & Care Hair Conditioner, da empresa alemã
Lavera. Os dois primeiros contam com ingredientes orgânicos como extratos de arnica e calêndula, e óleos de jojoba, linhaça e prímula, além de proteínas vegetais e hialuronato de sódio. O terceiro destaca o óleo de abacate orgânico e o leite de amêndoa orgânica na sua composição, e também possui queratina vegetal e extrato de calêndula orgânica.
E estou bastante satisfeita com a utilização de óleos vegetais como tratamento capilar, num procedimento de umectação que inclui massagem no couro cabeludo com os mesmos óleos que são aplicados nos fios. Meus preferidos são o
Bhringaraj Oil, uma combinação orgânica de óleo de gergelim com erva-botão, da marca inglesa ayurvédica
Pukka [
ATUALIZAÇÃO, 28/10/2014: Infelizmente, o
Bhringaraj Oil foi descontinuado], e uma mistura do
Óleo de Coco Virgem Orgânico, da
Dr. Orgânico, uma empresa brasileira de alimentos (sendo que o óleo vem das Filipinas), com o
Óleo de Linhaça Orgânico, da
Jatobá, uma produtora nacional de alimentos orgânicos.
Para hidratação corporal, a
Neutral Body Lotion, da marca alemã
Lavera, é uma loção intensiva e sem perfume que tem combatido o ressecamento da minha pele com sucesso nos invernos passado e retrasado, e da qual guardo uma unidade de reserva nas demais estações do ano, para passar quando for preciso. Foi desenvolvida para peles muito sensíveis e foi testada em pessoas que sofrem de eczema, rosácea e psoríase. Contém óleo de prímula orgânica e o óleo de jojoba orgânica. Já no outono e no inverno deste ano estou experimentando um achado recente, que também tem dado um ótimo resultado: a
Loção Hidratante Copaíba, da marca brasileira
Cativa, formulada para peles sensíveis, com tendência a psoríase e dermatites. Contém óleo de copaíba, manteiga de cupuaçu orgânico e óleo de andiroba orgânica.
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Neutral Body Lotion, da Lavera
Clique na imagem para ampliar [Foto de Michelle C., Tantas Plantas] |
Os melhores produtos para o meu rosto têm sido o
Creme Facial Noturno de Rosas, formulado com extrato de acerola, manteiga de cupuaçu, óleo de rosa mosqueta e extrato de açaí, todos orgânicos, entre outros ativos botânicos, da marca nacional
Ikove, e o protetor labial orgânico
Vanilla Bean Cocoa Butter Lip Balm, um bastão feito com azeite de oliva, manteiga de cacau, cera de abelha e extrato de baunilha, entre outros ingredientes orgânicos, da empresa americana
Badger. [
ATUALIZAÇÃO, 01/08/2020: Infelizmente, a produção da
Ikove foi interrompida por causa de um incêndio que atingiu a fábrica em agosto de 2016.]
E eventualmente reforço a hidratação nas áreas mais secas do corpo e do rosto com um dos seguintes itens: a
Manteiga de Murumuru, orgânica, da marca artesanal e brasileira
Ewé, a pomada
Creamy Cocoa Butter Everyday Body Moisturizer, à base de manteiga de cacau orgânica e
fair trade, da fabricante americana
Badger, o óleo vegetal de prímula orgânica
Evening Primrose Oil, da empresa inglesa
Balm Balm, o creme
All-Round Cream, feito com manteiga de
karité orgânica e óleo de amêndoa orgânica, da já citada marca alemã
Lavera.
Os produtos mencionados não são testados em animais, e a maioria possui uma formulação adequada para quem é adepto(a) do veganismo. Quase todos são indicados inclusive para crianças, e outros são compatíveis com grávidas; essas informações são dadas nas respectivas resenhas, nas quais sempre coloco as listas completas de ingredientes. Por serem artesanais, os itens comentados das marcas
Sachi e
Ewé às vezes se encontram indisponíveis, porém é possível entrar em contato com ambas para ter uma previsão de quando chegarão às lojas virtuais.
ATUALIZAÇÃO, 25/08/2015: Os cosméticos citados no texto têm resenhas publicadas aqui no
Tantas Plantas, com informações mais detalhadas, preços, listas de ingredientes, fotos e lojas. Para ver cada resenha, basta clicar no nome de cada produto.
ATUALIZAÇÃO, 10/04/2015: Não tenho tido manifestações da dermatite atópica desde 2013. Nessa semana fiquei muito feliz ao descobrir que o prazo de validade da minha pomada alopática expirou em setembro do ano passado! Como já não preciso dela há tanto tempo, só percebi que ela está vencida agora, fazendo uma faxina na caixa de remédios.
Além dos produtos citados no texto acima, tenho encontrado outros que ajudam diretamente no meu controle da dermatite atópica. A lista abaixo ganhará acréscimos sempre que surgir mais algum.
LIMPEZA
HIDRATAÇÃO
PROTEÇÃO SOLAR
MAQUIAGEM
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